Daniela Barros
9 de mar de 20212 min
Muitas são as mulheres que fazem a diferença a começar de nossas mães, avós, tias, professoras, cientistas, líderes religiosas e tantas outras que no anonimato são e foram fundamentais em nossas vidas.
Eu gostaria aqui de trazer uma delas que acompanhou a nossa família durante 20 anos, a Elizete Goulart da Silva. A conheci numa tarde quente de dezembro quando eu estava finalizando o mestrado e tinha sido aprovada para o doutorado na UFRGS. Eu, meu marido, nossa filha e nosso filho (10 e 7 anos à época) estávamos prestes a sair de Rio Grande onde morávamos em uma casa grande e tínhamos todo o apoio da família para morar em um minúsculo apartamento, sem ninguém da família por perto.
A Elizete entrou na nossa família, foram poucos dias para que tudo estivesse em perfeita harmonia.
Logo após terminar o doutorado, continuamos residindo em Porto Alegre e voltei a trabalhar na Universidade Federal do Rio Grande - FURG, foram 18 anos viajando. A Elizete assumiu a nossa casa, cuidou dos nossos filhos como se fossem seus, em especial do caçula.
Passamos por muitos perrengues, meu marido teve três episódios de endocardite e uma cirurgia cardíaca, minha mãe faleceu de câncer de forma muito rápida e em seguida eu tive câncer de mama. Estávamos muito fragilizados e fomos cuidados como nunca, por essa mulher que sempre se manteve no anonimato, e que no silêncio amava nas pequenas coisas, preparando a comida com todo o cuidado, respeitando os momentos em que eu ia descansar. Diante de tudo isso a saúde mental da nossa família também ficou abalada, os cuidados da Elizete conosco se multiplicaram.
O dia em que pediu para sair da nossa casa, porque se achava cansada e queria diminuir o ritmo, choramos como crianças e vivenciamos um luto.
Até hoje somos próximas e nos falamos, mesmo que com pouca frequência o que construímos juntas ficará para a eternidade.
Elizete! Obrigada por tudo!!!
Dr.ª Daniela Martí Barros
Pesquisadora, professora e palestrante