Ao ler um artigo de Tulio Milman sobre Ivan Izquierdo me identifiquei muito com essa frase. Tive o privilégio de ter sido orientada por ele em meu doutorado. O conheci de perto e chegamos a trabalhar juntos na bancada do laboratório. Essa convivência próxima possibilitou um aprendizado que levo para a minha vida. Sempre gostei muito dos exemplos que o mestre (assim o chamávamos) utilizava em suas falas e em seus escritos.
Atuei como professora de farmacologia e neurociências por vinte e sete anos na Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Como coordenadora do LabNeuro desenvolvi junto com meus alunos de pós doutorado, doutorado, mestrado e iniciação científica muitas ações extensionistas, cujo objetivo sempre foi aproximar o conhecimento gerado na academia da sociedade. Realizamos, entre tantas atividades, os NEUROEDUCA I,II e III, composto por oficinasinterativas com a temática como o cérebro funciona para alunos da educação básica, cuja principal finalidade era despertar neles o gosto pela ciência. Um dos grandes desafios desses eventos foi a adequação da linguagem utilizada pelos acadêmicos nas oficinas. Foram muitos meses de preparação e testes para que conseguíssemos dizer para uma criança como o cérebro funciona sem perder a qualidade científica. Tivemos que ampliar o nosso repertório para muito além do artigo científico e chegar em atividades do dia a dia montadas com materiais simples como tubos de PVC, latas de leite, bacias, copos plásticos, TNT coloridos, balões, balas de menta, compassos, etc.
Foi edificante acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos, sejam os acadêmicos, que conseguiram simplificar a linguagem e transmitir o conhecimento, como os alunos do ensino básico que se aproximaram da universidade e aprenderam temas densos como neurociências de forma lúdica.
De fato, simplificar é complicado, exige repertório!
Dr.ª Daniela Martí Barros
Pesquisadora, professora e palestrante